UMA VISÃO HISTÓRICA DO PARADEIRO DOS GNOMOS E ELFOS, FAUNOS E FADAS, DUENDES, OGRES, TROLS E BOGIES, NINFAS, TRASGOS, E AS DRÍADES, PRESENTE E PASSADO
sábado, 8 de novembro de 2008 « escrito por Carmen Arabela
por Buck Young
Há muito, muito tempo a Terra pertencia às criaturas da floresta. Por criaturas da floresta, entenda-se gnomos e elfos, faunos e fadas, duendes, ogres, trolls e bogies, ninfas, trasgos e dríades. Eles vigiavam-na e cuidavam dela, brincavam, dançavam e cantavam, tratavam dos animais feridos, resolviam disputas entre as espécies, sentavam-se em cima dos cogumelos, discutindo assuntos de importância, bebendo chá de Labrador, desciam pelas correntes de água montados em folhas e cascas de árvore, lançavam-se de árvores com sementes de dente-de-leão. Assim era o mundo onde a humanidade nasceu. Os primórdios, quanto o Homem não passava de um mero convidado recém-chegado que ainda não se tinha assenhorado de toda a casa, estão suficientemente documentados na literatura folclórica de todo o mundo, por isso é desnecessário irmos por aí. O que me interessa agora, e aquilo que eu quero que prenda a vossa atenção é: para onde foram todos os Gnomos e Elfos, Faunos e Fadas, Duendes, Ogres, Trols e Bogies, Ninfas, Trasgos, e Dríades?
A fricção entre o Homem e as criaturas da floresta começou com a descoberta da agricultura. Com ela, a civilização floresceu e expandiu-se. As florestas garantiram o fornecimento de madeira para abrigar, enquanto os campos foram usados para o cultivo e as pastagens. A humanidade instalou-se. Já não era um visitante do mundo de outrem mas aquele que afastava definitivamente a vida selvagem da soleira da sua porta recém construída. De início, isto não constituiu um problema. Não havia muita gente, e todos consideravam ser justo alugar-lhes aqueles pequenos hectares para fazerem deles o que quisessem. Alguns até decidiram ajudar. Os gnomos mudaram-se para os celeiros, ajudando nas tarefas de jardinagem. Os espíritos dévicos dos vegetais ajudavam os humanos a organizar melhor as suas sementeiras, informando-os sobre a rotatividade dos cultivos, a correlação entre os ciclos lunares e planetários, o calendário agrícola, sobre a plantação de rabanetes quando a Lua está em Câncer, ou colheitas quando a Lua está em Touro. Muitos trolls sentiram que os montes de estrume eram uma mudança para melhor e, decidiram ficar por perto.
As restantes criaturas da floresta recuaram em direção ao interior das mesmas, pregando, ocasionalmente, partidas travessas aos novos colonizadores, tais como: azedando o leite, mudando a mobília, empurrando as vacas, fazendo cócegas na cara das pessoas durante o sono e, por vezes, roubando bebês, deixando troncos de madeira no seu lugar.
E há outra ligação: às vezes, agentes do outro lado infiltram-se no nosso mundo na tentativa de apressar a reunificação. Acreditem ou não, eles sentem saudades nossas. Às vezes, mais frequentemente do que imaginam, eles enviam almas até ao nosso mundo para nascerem como bebês humanos. Mais ou menos como um socialista, comunista ou anarquista a entrar na cena política americana e a correr para o escritório na tentativa de efetuar uma mudança interna. Há muitos por cá, neste momento: gnomos, elfos, faunos e fadas, Duendes, ogres, trolls e bogies, ninfas, trasgos, e dríades a correr em redor dos corpos humanos, fazendo coisas loucas, como escrever nas paredes, trabalhando em cooperativas, gerindo estalagens nas montanhas, falando sozinhos pelas ruas, fazendo cerâmica, ilustrando livros infantis, cravando árvores e fazendo explodir tratores. Estão a plantar jardins biodinâmicos, a sentar-se nos pátios em pelota, a discutir com Satã. Estão nos hospitais psiquiátricos encharcados em torazina ou nas salas de aula cheios de ritalina ou lítio. Vivem com os índios. Dirigem centros de reciclagem. Estão a iniciar revoluções, a corromper os jovens, a inventar teorias da conspiração paranóicas, a inventar religiões. Estão a realizar filmes, a engolir ácido, a beber para além da conta e a escrever poesia.
Eles serão repetidamente castigados por gritarem “FOGO!” num teatro apinhado de pessoas; quando os edifícios estiverem em chamas, mais ninguém os conseguirá ver. Eles apanharão palmadas nos pulsos por apontarem na direção da “SAÍDA”, enquanto toda a gente anda às voltas, gritando e atropelando-se uns aos outros.
Eles mostrar-se-ão zelosos, fanáticos e didáticos em relação às suas crenças. Eles sentir-se-ão totalmente confusos.
Eles falarão com objetos inanimados.
Por Carmen Arabela às 14:37